domingo, 23 de março de 2008

Épocas festivas e o excesso de preguiça

Meus caros, nesta época de renascimento em que Jesus ressuscitou, cumpre-me fazer esta pequena reflexão, em tom de desabafo. Viveu-se aqui no serviço mais uma Pàscoa. Não fossem as pessoas desejarem-me boa páscoa nos corredores aqui e ali, e eu nem me lembraria de a viver, tal a quantidade ínfima de amêndoas que aqui nos foram ofertadas. A crise afecta todos. Todos os que realmente trabalham. Não me lembro de alguma vez ler na constituição que épocas festivas se traduzem no seguinte: dirigir-se ao local de trabalho para por o dedinho (há que parecer bem aos superiores e quem pode manda) e depois passar o dia a lembrar os enfermeiros que é Pascoa e não há alterações nos fármacos, não há visita, não há análises, não há nada. Só utentes com as suas doenças, mas...que chato ficar doente em dias de festa. Nós enfermeiros, que temos no centro da nossa profissão os utentes, não nos esquecemos nunca que as suas necessidades e dependências não têm dias. Mas isto é uma questão de, vá lá, humanização, coisa que só alguns grupos profissionais sabem e sentem. E bem assim, torna-se quase ridículo ter de suplicar, "oh vá lá, só uma alta. Não é por mim, é por ela"...parece o anúncio fantástico do ponto verde. Ai se pudessemos reciclar o ócio nos dias de obrigação...
E mais, concluindo este meu desabafo, pensar que no fim vamos todos para casa...uns a pensar no dia e se terá falhado alguma coisa...outros a pensar quando poderão dar uma escapadela e deixar o n. de telemóvel...
bem hajam. The land of the crikes.