domingo, 23 de novembro de 2008

Para trás e para Agora


As vezes dá-me para isto, para esta coisa das analogias, do tempo, da vida. Simplesmente dá-me para. e agora deu-me para entrar na memória e andar para trás e depois para o agora. E concluo, sem saber muito bem porque, que é diferente. Para trás vejo dias no trabalho mais ligeiros, mais tranquilos, com mais sorrisos. Vejo vontade e vejo sol. Vejo-nos em cafés após a manha, vejo-nos em lanches ou jantares, vejo-nos bem-dispostos, vejo-nos sem ser a correr, a fugirmos não sei de quê. No agora, vejo-nos dificilmente. Vejo o desejo de correr directamente para casa ao sair do trabalho. Vejo-nos cansados. Vejo-nos menos vezes.

às vezes dá-me para isto. Para estas coisas da constatação. às vezes.

The land of the crikes

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Do que eu não gosto mesmo


Do que eu não gosto mesmo é de dias como o de hoje, um dia de trabalho do mais caótico. Não gosto. Se me permitem queixar:
1. Não gosto da falta de método na visita (vemos esta srª, pausa, pausa, outra srª, pausa, ainda a outra senhora, pausa...)
2. Não gosto da receber senhoras quando não tenho a unidade para lhes disponibilizar (Ora esta é a sua cama, mas a doente não está incluída, depois vai ter aqui este armário e tem esta mesa de cabeceira, por sinal cheia de tralha, mas é só por uns momentos...).
3. Não gosto que as coisas aconteçam todas ao mesmo tempo, não sei, fico baralhada (ora hoje, acode-se a uma lipotímia, enquanto de frente alguém vomita para a taça e no mesmo instante a utente ao lado se diz também nauseada.
4. Não gosto de me apresentar e logo de seguida acrescentar: "temos de tirar sangue, neste momento". Acho que corta o ambiente. Mas isto sou eu.
5. Não gosto de ver tudo em reboliço e ter de me virar em 2, acudindo a bacios e arrastadeiras e recipientes semelhantes.
6. Não gosto de ter esta sensação de ausencia de continuidade e de me parecer tão pouco o que fiz, nos poucos minutos que me cabem na passagem de turno.
7. Não gosto de arrastar mesas e cadeiras e camas e suportes sempre que acomodo uma senhora em pós-operatório. Acima de tudo, não gosto de o fazer 4 ou 5 vezes por dia, como que por desporto. Urge-me sempre bater com alguma parte do corpo em alguma parte do que é arrastado. E dói.
8. Não gosto do barulho e de ver toda a gente a correr, a querer, a pedir, a perguntar. Faz-me taquicardia. E não é bom.
9. Não gosto de almoçar em 7m. è a minha média (sem o café). È quase desumano o espaço onde me permitem almoçar (não usando o refeitório). Não gosto e está tudo a cair e não há espaço para por nada e toda a gente se levanta quando alguém quer a maça que se esqueceu no frigorífico.
10. Não gosto de ter estas coisas a passear na minha cabeça, quando já sai do serviço. Não gosto.
The land of the crikes

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Post-it


A palavra "post-it", no dicionário médico, deriva do latim "postus" - aquele que sempre põe, e da palavra "itus" que significa depois de lhe dizerem o sítio. Ou seja, e dentro da generalidade das realidades que por esse mundo se avistam, um post it pode também ser definido como um enfermeiro. Os médicos precisam de muitos post-it, pois nunca sabem o sítio de nada. Começamos pelo próprio doente (lá vem o enfermeiro post-it indicar onde está o doente), seguindo-se do processo, da medicação, do horário da medicação, por vezes do nome da medicação, das requisições para isto e aquilo, das análises que são para pedir e das mil e uma coisas que o post-it se lembra, para bem do nosso querido utente (haja alguem que se lembre). Mas, urge-me questionar o seguinte: e quando o papel acabar???É que ás vezes não há quem aguente.
Assim se escreve, em bom português.
the land of the crikes

quinta-feira, 10 de julho de 2008

correctamente...

Quando as coisas são uma questão de semântica, tenho sempre alguma perpexidade ao constatar da tempestade que urge numa simples e transparente gota de água...deviamos ter um acordo ortográfico aplicado ás ciências.
the land of the crikes.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

PS

Como é difícil explicar este "não sei quê" de saturação de fêmeas patológicas, pressões desmedidas de líder, desespero pelas férias que ainda não se avistam e ainda assim, sorrir...sim senhor...muito bons dias...está tudo bem obrigado...
the land of the crikes

terça-feira, 20 de maio de 2008

Tele...Enfermagem


Meus caros, sinto que talvez que já não seja capaz de acompanhar a evolução de algumas mentes brilhantes. Chegou o momento de assumir este facto. Vem isto a propósito de uma sugestão que ouvi hoje enquanto labutava para ganhar o pão, neste serviço onde tudo é possível. Eis senão que, a páginas tantas, a Srª Y, cuja profissão não é necessário escrever (vós sabeis sempre qual a estirpe em causa) sugere que se interne uma utente no 3ºpiso, e que os registos sejam feitos por nós, ginecolanders, através do telefone. E passo a citar a frase da Srª Y "Então não podem as vossas colegas avaliar a utente e telefonam cá para baixo e vocês registam?"

eu não sei...eu não sou capaz de acompanhar estas mente que brilham.

The land of the crikes.