
De cada vez que me preparo para entrar ao serviço ás 23h, sinto uma alegria inexplicável. É qualquer coisa de muito agradável, saber que são 5 da tarde e a torrada parece que nem sabe a torrada porque daqui por umas horas vou trabalhar. Lá fora chove e faz frio, e eu tenho de tirar o meu pijama quentinho para me vestir. A camisola é o que custa mais. Enquanto a retiro rogo a triste sorte de ter de abandonar o lar quando os vizinhos estão provavelmente refastelados no sofá a ver um concurso em família. Coisas corriqueiras que talvez não me apetecessem mas como vou trabalhar sinto sempre que era o que mais me apetecia nesse momento. Coisas normais de um ser humano normal que tem um horário anormal. E sigo viagem. A roupa nem chega de facto a aquecer o corpo, porque quando já estou confortável nela, eis senão quando tenho de me despir outra vez para me fardar. Poucas devem ser a profissões que obrigam alguem a vestir e despir tanta vez, mas isso são outros 500. Só fico contente porque o sítio onde me troco está sempre quentinho, é climatizado, iluminado e acolhedor, além de que espaço não falta. E assim começa mais uma jornada de trabalho. Há que ganhar o pão, mesmo que seja pão duro. Já dizia o meu avô: Antes pão duro que pedras moles. De maneiras que ir fazer noite é uma questão de subsistência e a ser assim, que venham muitas noites. Para mim e para todos que as desejam.
The land of the crikes